terça-feira, 27 de novembro de 2007

Mr. Vingança

"Eu sei que você é uma boa pessoa... por isso sabe que tenho que te matar, não sabe?"

Com atraso de cinco anos, o que mostra, mais uma vez, o amadorismo das distribuidoras brasileiras, Mr. Vingança (Boksuneun Naui Geot/ Sympathy For Mr. Vengeance – 2002), primeira parte da trilogia sobre vingança do diretor sul-coreano Chan-wook Park (os seguintes são Oldboy e Lady Vingança)

Este é o filme mais cru, chocante e angustiante da série. E não é pouco para um tríptico cheio de sessões de tortura, vendettas impiedosas e lutas sangrentas, tudo com poucos e inesquecíveis diálogos, trilhas arrebatadoras e imagens deslumbrantes.

O minimalismo (diálogos e canções esparsas) se une ao preciosismo (planos-seqüência meticulosamente engendrados) para construir uma obra deprimente e trágica.

Dois "Senhores Vingança" dividem o filme nos destinos que se cruzam. Ninguém é culpado, ninguém é inocente. Ambos são boas pessoas que, vítimas das mudanças, acabam se opondo um ao outro por não conseguirem lidar com a perda do que têm de mais importante na vida.

Mais que as intensas seqüências de tortura, facadas, profanação de cadáveres e assassinatos, o que mais deprime no filme, como nos dois seguintes da série (que tratam do mesmo tem, mas não têm relação direta entre si), é o final inexorável, porém imprevisível.

Não vou adiantar sobre a trama, pois as surpresas acontecem durante todo o filme. Saiba apenas que é um filme muito forte (o mais forte que já vi), que vai te fazer mal pela história; porém a trilogia inteira é obrigatória para cinéfilos.

Você vai pensar como o destino (contingências + escolhas) pode levar pessoas ingênuas e boas a fazer coisas horríveis. Esta é a história da humanidade.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sou paulista e já desisti.

Serra, o Presidente Eleito, faz de seu governo uma volta de apresentação pro desfile da sua posse em Brasília em janeiro de 2009. Demorou pra se pronunciar no caso impronunciável do buraco do metrô (e ninguém foi punido), que, aliás, continua a passos de tartaruga manca (e a linha lilás continua lá, subutilizada e dando prejuízo); continua seguindo a proposta de seu antecessor e antagonista Alckmin de chegar à marca de um pedágio por habitante; o Tietê continua sujo (a despeito das bravatas alckminianas durante seus desgovernos); nossos museus (exceto o da Língua Portuguesa) e parques continuam padecendo de propaganda e recursos; Fatecs e escolas técnicas continuam sucateadas; o Poupatempo, cada vez mais sobrecarregado; os trens da CPTM continuam um lixo na maioria das linhas; o Rodoanel (Roubanel) deve ter custado mais que o Eurotúnel e nada de ficar pronto; e nem preciso dizer o estado das escolas do estado, né.

Já o pífio Kassab, à moda de Jânio Quadros, vive de factóides, com idéias esdrúxulas e destemperadas como tentar proibir os feirantes de gritar, tirar todos os cartazes da rua de uma vez (radicalismo tolo, pois as fachadas vazias e com o cimento caindo são igualmente feias) e atitudes esdrúxulas e destemperadas como espancar paciente de posto de saúde ou dizer bravatas com pose de xerife pro muambeiro-mór Law Kin Chong.

E o Alckmin? Ah, o Picolé de Chuchu sumiu após o fiasco nas eleições, sumiu ao quadrado quando o metrô afundou e, agora, faz que não é com ele. Simples assim.

Aí você olha as pesquisas para presidente, e lá está o favoritíssimo Serra; para prefeito, Alckmin e Kassab. Pergunto-me que milagre fez a Marta se eleger uma vez.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma.

"Old at heart, bhut I'm only twenty-eight, and much too young to let love break my heart. Old at heart, but it's getting much too late to find ouserves so apart."

_Tem todos os anos e cai sempre no mesmo dia, salvo para quem aniversaria no dia 29/2.

Diz-se que o aniversário tem origem na Grécia Antiga, quando os demônios – entidades que vigiavam e assistiam os mortais – possuíam relações místicas com o dia do nascimento de seus protegidos, pois cria-se que no aniversário a pessoa tinha mais proximidade com o mundo espiritual; portanto eram poderes tanto para o bem quanto para o mal. Também foi com os gregos que nasceu o costume de acender velas nos bolos, que eram de mel, redondos, eram colocados nos altares do templo de Ártemis.

Seja para encher a cara, ganhar presentes, fazer revisões sabáticas da existência ou simplesmente para se deleitar com a sensação de o mundo girar ao seu redor uma vez no ano, o fato é que o aniversário existe como parte de nossa ânsia de mensurar os acontecimentos, passar do tempo, enfim, toda a realidade, a fim de que pareça mais ordenada e controlável. E mais, desculpa para se sentir especial e demonstrar carinho por quem se ama.

Pessoas, sonhos, desejos e problemas – um tanto de tudo deixado para trás e outro tanto que me abandonou. E vem tanto disso novamente e sempre.

Não muda nada que eu não mude, mas deixemo-nos fingir e rir. Só não cantem parabéns.